E lá longe eu vislumbro a vida,
numa aurora que rodeia a natureza,
que cai feito chuva esquecida,
e que me molha com delicadeza,
e nesse toque subtil que me arrepia,
e que desperta em mim a curiosidade,
faz brotar da minha alma a alegria,
que permanecia fechada contra a vontade,
mas será isto tudo um dislumbramento,
ou apenas desejos adormecidos,
que me povoam o pensamento,
saindo de recantos esquecidos,
mas de novo sinto em mim a água,
desta vez olho em sua suposta direcção,
vi que desta não era choro de mágoa,
mas sim fruto de uma combinação,
senti na face ao leve a maresia,
que tão subtilmente me beijava,
naquele instante acabou o meu dia,
enquando o sol no mar mergulhava...